segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Transmissão da Revelação Divina

Deus "quer que todos os homens sejam salvos e cheguem ao conhecimento da verdade" (1Tm 2,4), isto é, de Jesus Cristo.

A Tradição apostólica
- "Cristo Senhor, em quem se consuma a revelação do Sumo Deus, ordenou aos Apóstolos que o Evangelho, prometido antes pelos profetas, completado por ele e por sua própria boca promulgado, fosse por eles pregado a todos os homens como fonte de toda a verdade salvífica e de toda a disciplina de costumes, comunicando-lhes os dons divinos."
A pregação Apostólica...
- A transmissão do Evangelho, segundo a ordem do Senhor, fez-se de duas maneiras:
  • oralmente "pelos apóstolos, que na pregação oral, por exemplos e instituições, transmitiram aquelas coisas que ou receberam das palavras, da convivência e das obras de Cristo ou aprenderam das sugestões do Espírito Santo";
  • por escrito "como também por aqueles apóstolos e varões apostólicos que, sob inspiração do mesmo Espírito Santo, puseram por escrito a mensagem da salvação"
...continuada na Sucessão Apostólica
- "Para que o Evangelho sempre se conservasse inalterado e vivo na Igreja, os apóstolos deixaram como sucessores os bispos, a eles 'transmitindo seu próprio encargo de Magistério." Com efeito, "a pregação apostólica, que é expressa de modo especial nos livros inspirados, devia conservar-se por uma sucessão contínua até a consumação dos tempos".
- Esta transmissão viva, realizada no Espírito Santo, é chamada de Tradição enquanto distinta da Sagrada Escritura, embora intimamente ligada a ela.
- Por meio da Tradição, "a Igreja, em sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo o que ela é, tudo o que crê".
- Assim, a comunicação que o Pai fez de si mesmo por seu Verbo no Espírito Santo permanece presente e atuante na Igreja:
  • "O Deus que outrora falou mantém um permanente diálogo com a esposa de seu dileto Filho, e o Espírito Santo, pelo qual a voz viva do Evangelho ressoa na Igreja e através dela no mundo, leva os crentes à verdade toda e faz habitar neles abundantemente a palavra de Cristo"
A relação entre a Tradição e a Sagrada Escritura
Uma Fonte comum...
- "Elas estão entre si estreitamente unidas e comunicantes. Pois, promanando ambas da mesma fonte divina, formam de certo modo um só todo e tendem para o mesmo fim." Tanto uma como outra tornam presente e fecundo na Igreja o mistério de Cristo, que prometeu permanecer com os seus "todos os dias, até a consumação dos séculos" (Mt 28,20).

...duas modalidades distintas de Transmissão
- A Sagrada Escritura é a Palavra de Deus enquanto redigida sob a moção do Espírito Santo.
- A Sagrada Tradição, "transmite integralmente aos sucessores dos apóstolos a Palavra de Deus confiada por Cristo Senhor e pelo Espírito Santo aos apóstolos para que, sob a luz do Espírito de verdade, eles, por sua pregação, fielmente a conservem, exponham e difundam".
- Dai resulta que a Igreja, à qual estão confiadas a transmissão e a interpretação da Revelação, "não deriva a sua certeza a respeito de tudo o que foi revelado somente da Sagrada Escritura. Por isso, ambas devem ser aceitas e veneradas com igual sentimento de piedade e reverência"

A interpretação do depósito da fé
- "O patrimônio sagrado" da fé, contido na Sagrada Tradição e na Sagrada Escritura, foi confiado pelos apóstolos à totalidade da Igreja. Apegando-se firmemente ao mesmo, o povo santo todo, unido a seus Pastores, persevera continuamente na doutrina dos apóstolos e na comunhão, na fração do pão e nas orações, de sorte que na conservação, no exercício e na profissão da fé transmitida se crie uma singular unidade de espírito entre os bispos e os fiéis.

O Magistério da Igreja
- O ofício de interpretar autenticamente a Palavra de Deus escrita ou transmitida foi confiado unicamente ao Magistério vivo da Igreja, cuja autoridade se exerce em nome de Jesus Cristo, isto é, foi confiado aos bispos em comunhão com o sucessor de Pedro, o bispo de Roma.
- Todavia, tal Magistério não está acima da Palavra de Deus, mas a serviço dela, não ensinando senão o que foi transmitido, no sentido de que, por mandato divino, com a assistência do Espírito Santo, piamente ausculta aquela palavra, santamente a guarda e fielmente a expõe, e deste único depósito de fé tira o que nos propõe para ser crido como divinamente revelado.

Os dogmas da fé
- Há uma conexão orgânica entre nossa vida espiritual e os dogmas. Os dogmas são luzes no caminho de nossa fé que o iluminam e tornam seguro. - Na verdade, se nossa vida for reta, nossa inteligência e nosso coração estarão abertos para acolher a luz dos dogmas da fé.
- Os laços mútuos e a coerência dos dogmas podem ser encontrados no conjunto da Revelação do Mistério de Cristo. "Existe uma ordem ou 'hierarquia' das verdades da doutrina católica, já que o nexo delas com o fundamento da fé cristã é diferente.

O Senso sobrenatural da fé
- Todos os fiéis participam da compreensão e da transmissão da verdade revelada. Receberam a unção do Espírito Santo, que os instrui e os conduz à verdade em sua totalidade.
- O conjunto dos fiéis... não pode enganar-se no ato de fé. E manifesta esta sua peculiar piedade mediante o senso sobrenatural da fé de todo o povo, quando, 'desde os bispos até o último dos fiéis leigos', apresenta um consenso universal sobre questões de fé e costumes.
- Por este senso da fé, excitado e sustentado pelo Espírito da verdade, o Povo de Deus, sob a direção do sagrado Magistério, adere indefectivelmente a fé 'uma vez para sempre transmitida aos santos'; e, com reto juízo, penetra-a mais profundamente e na sua vida a coloca mais perfeitamente em obra.

O crescimento na compreensão da fé
- Graças a assistência do Espírito Santo, a compreensão das realidades como das palavras do depósito da fé pode crescer na vida da Igreja:
  • Pela contemplação e estudo dos que creem, os quais as meditam em seu coração, é em especial “a pesquisa teológica que aprofunda o conhecimento da verdade revelada.”
  • Pela íntima compreensão que os fiéis desfrutam das coisas espirituais: as palavras divinas crescem com o leitor.
  • Pela pregação daqueles que, com a sucessão episcopal, receberam o carisma seguro da verdade.

CIC-Catecismo da Igreja Católica §74-100

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