- Por meio de todas as
palavras da Sagrada Escritura, Deus pronuncia uma só Palavra, seu Verbo único,
no qual se expressa por inteiro:
- Por este motivo, a Igreja
sempre venerou as divinas Escrituras, como venera também o Corpo do Senhor. Ela
não cessa de apresentar aos fiéis o Pão da vida tomado da Mesa da Palavra de
Deus e do Corpo de Cristo.
- Na Sagrada Escritura, a
Igreja encontra incessantemente seu alimento e sua força, pois nela não acolhe
somente uma palavra humana, mas o que ela é realmente: a Palavra de Deus Com
efeito, nos Livros Sagrados o Pai que está nos céus vem carinhosamente ao
encontro de seus filhos e com eles fala.
Inspiração e verdade da Sagrada Escritura
- Deus é o autor da Sagrada
Escritura. As coisas divinamente reveladas, que se encerram por escrito e
se manifestam na Sagrada Escritura, foram consignadas sob inspiração do
Espírito Santo.
- A santa Mãe Igreja, segundo
a fé apostólica, tem como sagrados e canônicos os livros completos tanto do
Antigo como do Novo Testamento, com todas as suas partes, porque, escritos sob
a inspiração do Espírito Santo, eles têm Deus como autor e nesta sua qualidade
foram confiados à própria Igreja.
- Deus inspirou os autores
humanos dos livros sagrados. Na redação dos livros sagrados, Deus escolheu
homens, dos quais se serviu fazendo-os usar suas próprias faculdades e
capacidades, a fim de que, agindo ele próprio neles e por meio deles,
escrevessem, como verdadeiros autores, tudo e só aquilo que ele próprio queria.
- Os livros inspirados
ensinam a verdade. Portanto, já que tudo o que os autores inspirados afirmam
deve ser tido como afirmado pelo Espírito Santo, deve-se professar que os
livros da Escritura ensinam com certeza, fielmente e sem erro a verdade que
Deus em vista de nossa salvação quis fosse consignada nas Sagradas Escrituras.
- O Cristianismo é a religião
da "Palavra" de Deus, "não de uma palavra escrita e muda, mas do
Verbo encarnado e vivo".
O Espírito Santo, intérprete da Escritura
- Na Sagrada Escritura, Deus
fala ao homem a maneira dos homens. Para bem interpretar a Escritura é preciso,
portanto, estar atento àquilo que os autores humanos quiseram realmente afirmar
e àquilo que Deus quis manifestar-nos pelas palavras deles.
- A Sagrada Escritura deve
também ser lida e interpretada com a ajuda daquele mesmo Espírito em que foi
escrita.
Antigo Testamento
- Antigo Testamento é uma
parte indispensável da Sagrada Escritura. Seus livros são divinamente
inspirados e conservam um valor permanente, pois a Antiga Aliança nunca foi
revogada.
- Com efeito, "a Economia
do Antigo Testamento estava ordenada principalmente para preparar a vinda de
Cristo, redentor de todos". "Embora contenham também coisas
imperfeitas e transitórias", os livros do Antigo Testamento dão testemunho
de toda a divina pedagogia do amor salvífico de Deus: "Neles encontram-se
sublimes ensinamentos acerca de Deus e uma salutar sabedoria concernente à vida
do homem, bem como admiráveis tesouros de preces; nestes livros, enfim está
latente o mistério de nossa salvação"
Novo Testamento
- A Palavra de Deus, que é
força de Deus para a salvação de todo crente, é apresentada e manifesta seu
vigor de modo eminente nos escritos do Novo Testamento. Estes escritos
fornecem-nos a verdade definitiva da Revelação divina. Seu objeto central é
Jesus Cristo, o Filho de Deus encarnado, seus atos, ensinamentos, paixão e
glorificação, assim como os inícios de sua Igreja sob a ação do Espírito Santo.
- Os Evangelhos são o coração
de todas as Escrituras, "uma vez que constituem o principal testemunho da
vida e da doutrina do Verbo encarnado, nosso Salvador".
Na formação dos Evangelhos
podemos distinguir três etapas:
3. Os Evangelhos escritos.
"Os autores sagrados escreveram os quatro Evangelhos, escolhendo certas
coisas das muitas transmitidas ou oralmente ou já por escrito, fazendo síntese
de outras ou explanando-as com vistas à situação das igrejas, conservando,
enfim, a forma de pregação, sempre de maneira a transmitir-nos, a respeito de
Jesus, coisas verdadeiras e sincera. "
Unidade entre o Antigo e o Novo Testamento
- A Igreja, já nos tempos
apostólicos, e depois constantemente em sua Tradição , iluminou a unidade do plano divino
nos dois Testamentos graças à tipologia. Esta discerne, nas obras de Deus contidas
na Antiga Aliança, prefigurações daquilo que Deus realizou na plenitude dos
tempos, na pessoa de seu Filho encarnado.
- Por isso os cristãos leem o
Antigo Testamento à luz de Cristo morto e ressuscitado. Esta leitura tipológica
manifesta o conteúdo inesgotável do Antigo Testamento. Ela não deve levar a
esquecer que este conserva seu valor próprio de Revelação, que o próprio Nosso
Senhor reafirmou. De resto também o Novo Testamento exige ser lido à luz do
Antigo.
- A tipologia exprime o
dinamismo em direção ao cumprimento do plano divino, quando "Deus será
tudo em todos" Também a vocação dos patriarcas e o Êxodo do Egito, por
exemplo, não perdem seu valor próprio no plano de Deus, pelo fato de serem ao
mesmo tempo etapas intermediárias deste plano.
A Sagrada Escritura na vida da Igreja
- É tão grande o poder e a
eficácia encerrados na Palavra de Deus, que ela constitui sustentáculo e vigor
para a Igreja, e, para seus filhos, firmeza da fé, alimento da alma, pura e
perene fonte da vida espiritual. É preciso que o acesso à Sagrada Escritura seja
amplamente aberto aos fiéis.
- A Igreja "exorta com
veemência e de modo peculiar todos os fiéis cristãos... a que, pela frequente
leitura das divinas Escrituras, aprendam 'a eminente ciência de Jesus
Cristo"(Fl 3,8).
"Com efeito,
ignorar as Escrituras é ignorar Cristo".
CIC-Catecismo da Igreja Católica
§101-141
Nenhum comentário:
Postar um comentário